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Ser sustentável está na moda. Ao menos na teoria. Embora venha sendo utilizado com uma frequência cada vez maior, o termo “sustentabilidade” ainda é um jargão incompreensível para grande parte das pessoas, incluindo aquelas que costumam adotar a expressão em seu discurso.
Nos dicionários, sustentabilidade significa “qualidade ou condição do que é sustentável”. Na prática, ser sustentável implica em mudar de postura, eliminar o desperdício, conviver com as imperfeições, minimizar o impacto. “Em bom Português, isto quer dizer deixar de frescura”, brinca a professora de Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e editora do blog Amor ao Planeta Patrícia de Sá. Para ela, não é preciso abrir mão do conforto, do consumo nem da tecnologia para ser sustentável. Bastam pequenas mudanças que, somadas, podem fazer grande diferença.
Parece fácil, mas colocar a teoria em prática é um dos maiores desafios da sustentabilidade. A questão é complexa porque é sistêmica. “Ou todo mundo faz, ou não adianta só um lado fazer porque se os outros não fizerem não vai mudar, não vai acontecer a revolução esperada”, esclarece Patrícia. E todo mundo quer dizer o consumidor, as empresas e o governo: um mudando de postura, outro repensando seus processos de produção e o terceiro legislando sobre tudo isso.
A professora da FGV aponta a informação bem fundamentada e de qualidade como base para essa mudança de comportamento. Ela acredita que é preciso conhecer as implicações e consequências do se está fazendo para que haja motivação para mudar. Nesse contexto as Organizações Não-Governamentais (ONGs) exercem papel fundamental. “Você sempre vai encontrar aqueles maus exemplos no meio, mas o terceiro setor é fundamental. De forma organizada e, na maioria das vezes, bastante profissional, as ONGs realizam o trabalho que nós, os indivíduos, não temos tempo para realizar, de investigar, de mobilizar para uma denúncia, um boicote, de pressionar o governo… Nós, individualmente, não temos essa força”, afirma.
A consciência de que os recursos do Planeta são limitados e de que o abuso pode provocar um colapso já desperta algumas mudanças isoladas de comportamento e dita tendências. A moda do “retrô fit” em decoração e o gosto pelas coisas “vintage” são um exemplo disso. Aos poucos a pessoas começam a perceber que a simbologia de uma peça antiga, recuperada, pode ser tão agradável quanto a sensação provocada pelo cheirinho de uma outra recém saída da loja.
Nas empresas, a ordem é repensar a postura, fazer mais com menos, investir em produtos duráveis – sem medo de perder a venda – e ir além do discurso, através da implantação de ações sustentáveis concretas no dia-a-dia. Quem pensa que isso significa gastar mais, está enganado. “Quando você repensa o seu processo você elimina os desperdícios e sai no lucro, não só porque você agrega valor à sua empresa em todas as frentes, desde o valor das suas ações na bolsa até o valor que o cliente atribui quando ele olha o seu produto lá na gôndola… Por outro lado, você elimina custos, porque eliminou desperdícios. Se você está pegando resíduos seus e encaminhando para uma outra indústria que vai usar aquilo como matéria prima, você está ganhando dinheiro em cima do seu lixo. Então, a sustentabilidade, inclusive, diminui custo e aumenta valor, o que é fantástico”, salienta Patrícia Sá.
Ainda não sabe como ser “sustentável”? Então leve uma caneca de casa e abandone, definitivamente, os copinhos plásticos em seu local de trabalho ou estudo. Aproveite o saco plástico que envolve o seu jornal diário ou a revista semanal para recolher as fezes do cachorro e passe a usar o verso das folhas de papel como rascunho. Tenha a certeza de que, com essas pequenas ações, você estará colaborando para um planeta mais saudável e mais harmônico. Um planeta sustentável.