Modo de produção intensivo é o caminho para a agricultura sustentável

 

Fonte: http://www.radarverde.com.br

Escrito por : Marina Gama

Para o economista Guilherme Dias, sistema intensivo é a saída para evitar o avanço da agricultura e da pecuária na Amazônia, mas ele alerta que os obstáculos são muitos e geram conflitos.

Guilherme Dias, especialista em economia agrária e professor da USP, acredita que a solução para barrar a destruição da Amazônia é a implantação de uma estrutura intensiva de agricultura e pecuária por todo o país. Do contrário, o economista alerta: “Se deixarmos como está os bois comem a Amazônia em 20 anos”. A tese foi defendida em conferência apresentada a estudantes de jornalismo no projeto Repórter do Futuro.

“Em relação ao resto do mundo estamos em um grupo de três ou quatro nações que têm tecnologia para desenvolver um eficiente sistema de agropecuária intensiva”, afirma Dias. Apesar da boa notícia, o número de terras que já utilizam esse modo de produção não chegam à metade no Brasil. Segundo o economista, dos cerca de 50 milhões de hectares de terras agrícolas, apenas 20 milhões implantaram o sistema intensivo, ou seja, menos de 50%. Na pecuária nacional esse número é ainda menor, apenas 10%. A grande maioria das terras pecuárias é desgastada pelo sistema extensivo, modo mais rudimentar que permite que os bois usufruam de grandes territórios sem haver uma preocupação com a recuperação ou a manutenção da sua fertilidade.

O reduzido número se explica quando é colocado no papel os custos que a produção intensiva exige. Por mais que exista tecnologia, ela não é barata. “A agricultura intensiva é difícil de fazer, exige um monitoramento do que acontece embaixo do solo. É preciso ter uma leitura fina da terra, do desequilíbrio que ocorre durante a plantação. É necessário fazer amostra de terras, mandar para laboratório, ter profissionais bons que façam a análise”, afirma Dias. O processo que inclui uma atenção especial para a fertilidade do solo e toda a logística pode custar, segundo o economista, de R$ 1.500 a R$ 3.000 por hectare. Essas exigências fazem com que agricultores atribuam um coeficiente de risco muito alto para a implantação de um novo modelo, diferente da agricultura extensiva, ressalta o economista.

A falta de cultura em trabalho cooperativo também dificulta a implantação do modo intensivo de produção. Sem uma organização dos pequenos e dos grandes produtores, de forma a diminuir os custos presentes nesse sistema de produção, a estrutura agropecuária não conseguirá se modificar. “O brasileiro tradicional não consegue se ajustar a idéia de trabalho associado e cooperativo. Predomina o produtor individual e esse ambiente não cria uma vida fácil para o agricultor”, observa.

Para Dias, as dificuldades não param aí. As políticas estaduais atendem interesses dos produtores do modo extensivo, o bloco majoritário de agricultores. Isso faz com que a estrutura social e política das regiões onde a agricultura está presente estejam voltadas para interesses distoantes àqueles da minoria que faz agropecuaria intensiva. “Mudar o sistema de produção implica em umatransformação completa da região, na questão de quem manda e no sistema político. O conflito que estamos vivendo é esse”, afirmou o economista.

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